Por Jânsen Leiros Jr.
Revisado
e ampliado em 28/04/2024
Na parte final do primeiro capítulo de Provérbios, o autor decide tornar impossível qualquer desculpa para não se agir sabiamente, principalmente as que utilizem como pretexto um inocente desconhecimento ou inacessibilidade aos seus preceitos. Afinal, ela grita nas ruas e nas praças, lugares públicos e de acesso fácil e gratuito. Uma alegoria que afirma o quanto a sabedoria está próxima e acessível a todos os que a buscam.
É como as campanhas de saúde
pública que alertam sobre os perigos do tabagismo, por exemplo. Essas campanhas
são visíveis em todos os lugares, desde anúncios de televisão até cartazes em
paradas de ônibus. A informação está amplamente disponível para todos que
desejam viver de maneira saudável. Ainda assim, há os que insistem em desprezar
os avisos.
Na
sequência ele faz uma confrontação ainda mais rigorosa e importante. Quem não age com sabedoria, age loucamente.
Não existe meio termo. E por que loucamente? Porque não é uma atitude inocente,
mas antes uma escolha consciente e desafiadora, uma rejeição propositada ao
conselho e à instrução. Isso fica claro nos versículos 24 e 25; chamei... mas vocês não me ouviram.
E
esta é a razão da aparente vingança da sabedoria diante do infortúnio dos que a
desprezaram. Eu te disse, eu te avisei. Agora
não vem pedir socorro não, que não darei. Não é disso que se está falando,
claro, pois não há qualquer prazer no mal que atinge a quem quer que seja, até
mesmo do tolo que despreza a probidade. A ideia aqui é afirmar categoricamente,
o caráter imutável das consequências de nossas atitudes e escolhas. E uma vez
que minha loucura me promove circunstâncias indesejadas, o arrependimento, por
mais legítimo e sincero, não impedirá as consequências de meus atos. É possível
não fazer de novo, mas é impossível apagar um feito.
Um exemplo simples disso,
é uma pessoa que ignora conselhos financeiros e acumula dívidas de cartão de
crédito. Quando a dívida se torna insustentável, o arrependimento por ter
gastado demais não elimina a necessidade de pagar o que deve. As consequências
financeiras e o impacto no crédito são inevitáveis.
Concluindo
então o capítulo, o sábio relaciona as consequências da rejeição e as confronta
com a aceitação da sabedoria, apontando a morte e a vida tranquila respectivamente,
colocando seus resultados inevitáveis frente a frente. No final das contas, as
circunstâncias da vida e não suas eventualidades, claro, não passam de um
conjunto de reflexos, da perícia com que cada um realiza suas decisões e
escolhas cotidianas, e conduz sua existência. Aquilo que se planta, é o que se colhe,
pois nascerão morangos de sementes de abacaxi.
Ora,
assim como não se consegue desacontecer
acontecimentos acontecidos, não há como anular as consequências de nossas
escolhas. Optando pela sabedoria haverá vida. Optando pela loucura, a morte
espreitará por momento oportuno, sendo a morte, neste contexto, um destino último
e pior para a loucura.
Que
nossas escolhas sejam sempre pensadas, pesadas e sábias, com vistas à vida e a
tranquilidade. Tudo inspirado e sustentado no temor do Senhor.