sábado, 30 de janeiro de 2016
Provérbios - Lição IV; A sabedoria, a loucura e a corda bamba
domingo, 24 de janeiro de 2016
Lição III - Armadilha nossa de cada dia
Provérbios
1:10-19
Depois de explicar as motivações e pretensões de Provérbios, e lançar a base primordial da Sabedoria, Salomão introduziu o seu inverso; a estupidez ou mais comumente chamada loucura.
Parece óbvio que ninguém, minimamente orientado, se prestaria a dar ouvidos ao convite declarado no texto. Porém ele adverte que ninguém arma arapuca diante dos pássaros, pois estão olhando. Ou seja, obviamente nenhum convite para o mal é tão explícito, mas sutilmente travestido de algo interessante e vantajoso. Foi sempre assim que o mal se camuflou. Como na tentação no Éden. As armadilhas do dia-a-dia são muitas e não são tão fáceis de serem notadas. Por vezes são montadas por nós mesmos e por nossos desejos e inclinações mais íntimos. Um engodo envolvente, mas que não nos inocenta ao sucumbirmos[1].
Por isso Salomão alerta contra a sedução do mal. Não há nada mais comum do que pretender possuir bens e uma vida boa, sem necessariamente trabalhar arduamente, com suor e cansaço consequente. A forma de conseguir isso, porém, é que pode ser repugnante, estúpida e demasiadamente perigosa, uma vez que dinheiro dificilmente cai do céu.
O livro de Salmos começa com um alerta semelhante e contundente: Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Quase um passo a passo da loucura, ou uma anatomia da tolice[2]. Andar, parar e sentar. Curiosidade, tentativa e acomodação confortável entre os que atentam contra tudo e contra todos. Entre os que se agradam em praticar o mal.
Assim, o autor afirma que, tendo a disposição instrução e os conselhos dos pais, e o temor a Deus para ocupar-se, dar ouvidos à sedução do mal é loucura e estupidez. Além disso, o sábio afirma que o que se conquista com violência ou intimidação, obviamente leva à morte leve o tempo que levar, chegue ela do jeito que chegar. Um dia o mal se abaterá sobre aquele que dele e por ele vive.
Que a sabedoria de Deus nos dê o
discernimento necessário, para que as armadilhas cotidianas não nos engane e
nos consuma.
quarta-feira, 13 de janeiro de 2016
Lição II - Experiência se comunica
Considerando o raciocínio do apóstolo João desenvolvido em suas cartas, se eu não me acostumar a ouvir a meu pai e à minha mãe a quem vejo, como ouvirei a Deus a quem não vejo? Ora, os pais são nossas primeiras fontes de informações no mundo, e de certa forma por algum tempo, nossas mais expressivas janelas para a vida lá fora, no desconhecido. O que os pais dizem e ensinam, o que os pais orientam e até impõem, dão as cores do mundo que iremos mais tarde conhecer pelos próprios sentidos. Portanto as primeiras experiências de dar ouvidos, e obedecer, de agir em função do que falam sem conhecimento direto, acontecem no âmbito familiar.
Ora, se quando não se tem qualquer experiência prévia de vida, se quando não se tem qualquer outra fonte de conhecimento do mundo exterior, não se adquire o costume de se orientar pela instrução dos pais, imaginem quando as próprias experiências forem possíveis. Não havendo o costume da obediência à prudência e às instruções sábias, diante do desejo de satisfação dos próprios anseios será muito mais difícil dar ouvidos a qualquer sugestão ou orientação.
A vida em família é, portanto, o primeiro ambiente de exercício da sabedoria e da prudência. Atender às instruções paternais e reconhecê-las como pilares para a vida, é uma importante atitude em favor do desenvolvimento do hábito de escutar, e cumprir a orientação de Deus.
Nisso o autor de Provérbios vai além. Colocando-se no papel de pai, ele afirma que suas instruções são capazes de, atendidas e consideradas no cotidiano da vida, envolverem o comportamento do filho em um alo de admiração. O exercício de obediência aos pais, que por definição nos amam incondicionalmente, forja em nós um caráter admirável. Um caráter confiante, de quem sabe poder confiar nesse amor de cuidado e zelo.
É claro que no contexto da vida moderna, diversas circunstâncias alteram a composição tradicional da família. Ainda assim o texto se aplica de forma transcendente, pois não perde sua pertinência. Fica evidente que o exercício de acatar a orientação se aplica em favor de quem quer que ocupe a posição de cuidador e responsável pela formação do caráter de qualquer indivíduo na juventude. Afinal o carinho e o zelo de quem educa jamais deve ser desprezado.
Não é sem razão que todo e qualquer ataque ao futuro de uma sociedade e à sua capacidade de perpetuar princípios e valores, se concentram na destruição dos laços familiares e no papel da família na construção de uma sociedade de constituições sólidas e seguras.
Se eu não ouço os meus pais a quem vejo, que ouvidos darei a Deus a quem não vejo? O princípio da sabedoria é a obediência.
segunda-feira, 11 de janeiro de 2016
Lição I - Sabedoria; expressão da devoção e da prudência
Revisado
e ampliado em 09/04/2024
"Salomão[1], afirma a Bíblia, foi o homem mais sábio que já viveu no mundo. Em I Reis 4:29-31, o narrador afirma: "29 Deus deu a Salomão sabedoria, entendimento fora do comum e conhecimentos tão grandes que não podiam ser medidos. 30 Salomão era mais sábio do que qualquer homem do Oriente ou do Egito. 31 Ele era mais sábio do que todos os homens...". Tal condição o credenciou a escrever o livro de Provérbios, ou pelo menos boa parte dele, e a transmitir os conceitos, os preceitos e a doutrina de Deus, àqueles a quem devia a instrução para conduzir o povo de Israel[2].
Nessas introduções, Salomão apenas
define as pertinentes abrangências da sabedoria e sua aplicação prática na vida
cotidiana. Mas ele faz um alerta veemente antes de qualquer provérbio ser dito
e antes de qualquer ensinamento ser passado. Qualquer orientação só terá efeito
a partir do temor a Deus[3].
Quem não teme não será capaz de obedecer. E como quem não obedece não se
importa com a instrução, quem não teme não terá qualquer condição de agir com
sabedoria. Simples, direto e verdadeiro.
A essa altura, é bom ressaltar que
temor não é o mesmo que medo ou horror. É, antes, respeito venerável. É submissão
consciente. Um reconhecimento da superioridade daquele que criou, amou e
resgatou. Temor é amor em ação. É devoção que conduz à adoração.
A sabedoria, discorrerá Salomão ao
longo de todo o livro, aponta para a prudência, a diligência, o empenho e o
zelo, palavras e atitudes completamente fora de moda em nossos dias, devido ao
pragmatismo das relações e à urgência das realizações. Muito pelo contrário,
vivemos num mundo em que somos incentivados ao desprezo e ao descaso, chegando
às raias da negligência endêmica e da sabotagem estrutural. Somos incentivados
a ser tolos[4],
palavra que Salomão vai utilizar para antagonizar-se ao sábio.
O tolo não quer aprender. Não quer ser
sábio. Despreza o ensino e desqualifica seu conteúdo, banalizando regras e
menosprezando seu orientador. Afinal, a instrução e o ensino, se ouvidos e
apreendidos, lhe impedirão de ser e fazer tudo aquilo que insensatamente
planejou ou ainda planeja realizar. O tolo foge da compreensão.
Juntos nesses Exercícios Espirituais
no Livro de Provérbios, iremos remexer os tesouros existentes nesse baú. E
tenho a convicção de que encontraremos muitas razões para pensar e repensar,
tanto o comportamento humano em seus mais variados aspectos quanto as atitudes
nossas de cada dia; aquelas que, na intimidade de nossos entendimentos, nos
revelam quem realmente somos.
Sábio ou tolo? Prudente ou insensato?
Diligente ou preguiçoso? Prepare-se para uma viagem ao mais profundo da alma e
ao confronto com suas mais íntimas e impublicáveis verdades."
[1] Resumidamente,
Salomão foi um rei de Israel conhecido por sua sabedoria, conforme descrito na
Bíblia. Ele era filho do rei Davi e sucedeu seu pai no trono. Durante seu
reinado, que durou cerca de 40 anos, Israel viveu um período de paz e
prosperidade. Salomão é creditado por ter construído o Templo em Jerusalém,
além de ter sido um prolífico escritor, autor de muitos provérbios e hinos. Sua
sabedoria e conhecimento se tornaram lendários, e sua reputação se estendeu
além das fronteiras de Israel. No entanto, ao longo de seu reinado, Salomão
também enfrentou desafios, incluindo problemas políticos e questões
relacionadas à sua administração. Apesar de suas realizações, alguns aspectos
de seu governo foram criticados, principalmente sua política de impostos
pesados e a construção de monumentos grandiosos que eventualmente levaram ao
declínio do reino após sua morte.
Querendo saber mais sobre Salomão, pesquise nas obras
indicadas abaixo:
·
Teologia do Antigo Testamento, de Walter
Brueggemann
·
Teologia do Antigo Testamento, de Gerhard von
Rad
·
Sabedoria do Antigo Testamento, de Tremper
Longman III
·
História de Israel no Antigo Testamento, de
Roland de Vaux
[2] O
livro de Provérbios é um dos livros sapienciais do Antigo Testamento. Ele
consiste em uma coletânea de provérbios e instruções que oferecem orientações
práticas para a vida, baseadas na sabedoria divina. Seguem questões relevantes
sobre o livro de Provérbios e seu propósito:
1.
Origem e Autoria: Tradicionalmente,
Salomão é considerado o principal autor do livro de Provérbios, embora algumas
seções possam ter sido escritas por outros autores. Salomão era conhecido por
sua sabedoria e por sua habilidade em ensinar através de provérbios e
parábolas.
2.
Propósito: O propósito principal do livro
de Provérbios é instruir os leitores na sabedoria divina, ajudando-os a viver
uma vida virtuosa e justa. Os provérbios abordam uma variedade de temas,
incluindo a busca pela sabedoria, o temor do Senhor, a importância da
disciplina, o valor do trabalho honesto, a responsabilidade financeira, o uso
adequado da língua e a importância de escolher boas companhias.
3.
Público-alvo: Os provérbios são direcionados
a uma ampla audiência, incluindo jovens, pais, líderes e todas as pessoas em
busca de sabedoria e discernimento para viver uma vida piedosa.
4.
Formato: O livro de Provérbios é composto
principalmente por provérbios curtos e concisos, muitos dos quais são em forma
de poesia. Eles são projetados para serem memorizados facilmente e aplicados à
vida diária.
5.
Importância Teológica: Além de oferecer
conselhos práticos para a vida cotidiana, o livro de Provérbios também
apresenta uma visão teológica da sabedoria, destacando que o temor do Senhor é
o princípio da sabedoria (Provérbios 1:7). Isso significa reconhecer a
supremacia de Deus em todas as áreas da vida e viver em obediência aos Seus
mandamentos.
Em resumo, o livro de Provérbios é uma fonte valiosa
de sabedoria divina e oferece orientação prática para uma variedade de situações
e desafios enfrentados no dia a dia. Ele enfatiza a importância de viver uma
vida piedosa, baseada nos princípios de Deus, e serve como um guia confiável
para aqueles que buscam crescer em sabedoria e discernimento.
[3] O
"temor do Senhor" é um conceito central nos Provérbios e na sabedoria
bíblica em geral. Ele descreve uma atitude de reverência, respeito e submissão
a Deus, que resulta em obediência aos Seus mandamentos e busca pela sabedoria
divina. O "temor do Senhor" não é simplesmente um medo superficial de
Deus, mas uma profunda reverência que molda o caráter e a conduta da pessoa.
Várias passagens nos Provérbios destacam a importância
do "temor do Senhor" como o princípio da sabedoria e fonte de
bênçãos:
·
Provérbios 1:7 (NVI): "O temor do Senhor é
o princípio do conhecimento, mas os insensatos desprezam a sabedoria e a
disciplina."
·
Provérbios 9:10 (NVI): "O temor do Senhor é
o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo é entendimento."
·
Provérbios 14:26 (NVI): "No temor do Senhor
há confiança firme, e os seus filhos têm refúgio."
·
Provérbios 16:6 (NVI): "Pelo amor e pela
fidelidade se expia a culpa; pelo temor do Senhor o homem evita o mal."
Essas passagens e outras semelhantes nos Provérbios
enfatizam que o "temor do Senhor" é a base sobre a qual a verdadeira
sabedoria é construída e que ele conduz a uma vida de retidão, bênçãos e
proteção divina.
Além das referências bíblicas nos Provérbios, várias
obras de teologia e comentários bíblicos podem oferecer insights adicionais
sobre o significado teológico do "temor do Senhor". Algumas sugestões
de obras incluem:
·
"Temor de Deus: O Fundamento da
Sabedoria" (por R.C. Sproul): Neste livro, o autor explora o conceito
bíblico do "temor do Senhor" e sua importância para a vida cristã.
·
"Comentário do Antigo Testamento:
Provérbios" (por Tremper Longman III): Este comentário oferece uma análise
acadêmica dos Provérbios, contextualizando-os dentro do Antigo Testamento e
explorando seu significado teológico, incluindo o "temor do Senhor".
·
"Comentário Bíblico Expositivo do Antigo
Testamento: Provérbios" (por Warren W. Wiersbe): Este comentário fornece
uma abordagem prática e acessível aos Provérbios, destacando lições espirituais
e aplicação prática, incluindo o tema do "temor do Senhor".
[4] No
contexto dos Provérbios e da sabedoria bíblica, o termo "tolo" é
frequentemente usado para descrever alguém que age de maneira insensata,
imprudente ou sem discernimento. O tolo é aquele que não busca a sabedoria, não
aprende com seus erros e geralmente toma decisões precipitadas que resultam em
problemas ou dificuldades para si mesmo e para outros.
Várias passagens nos Provérbios contrastam o sábio com
o tolo, enfatizando a importância de buscar a sabedoria e evitar a tolice. Por
exemplo:
· Provérbios 10:14 (NVI): "Os sábios
armazenam conhecimento, mas a boca do tolo é uma ruína iminente."
·
Provérbios 12:15 (NVI): "O caminho do tolo
parece-lhe justo, mas o sábio ouve os conselhos."
·
Provérbios 13:16 (NVI): "Todo tolo é
impetuoso e expõe a sua insensatez."
·
Provérbios 14:3 (NVI): "O tolo que fala
muito acaba revelando o quanto é tolo."