segunda-feira, 7 de março de 2016

Provérbios - Lição XI; Sedutora sedução

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Provérbios 5:1-23

1 Filho meu, presta atenção às minhas palavras de sabedoria e inclina os teus ouvidos para compreender o meu discernimento. 2 Assim manterás o bom senso, e os teus lábios guardarão o conhecimento; 3 porquanto os lábios da mulher imoral são sedutores e destilam mel; sua voz é mais suave que o azeite, 4 contudo, no final é amarga como fel, afiada como uma espada de dois gumes. 5 Seus pés correm para a morte; seus passos conduzem-na diretamente ao inferno. 6 Ela não reflete sobre o perigo de andar por trilhas tortuosas, e não consegue enxergar o caminho da vida. 7 Agora, portanto, meu filho, dá-me ouvidos e não te desvies das palavras da minha boca. 8 Afasta o teu caminho da mulher adúltera, e não te aproximes da porta da sua casa; 9 para que não entregues aos outros a tua honra, tampouco, tua própria vida a algum homem cruel e violento; 10 para que dos teus bens não se fartem os estranhos, e outros se enriqueçam à custa do teu trabalho; 11 e venhas a te queixar e gemer no final da vida, quando teu corpo perder o esplendor e o vigor abandonar tua carne.12 Então, murmurarás: “Como me rebelei à disciplina! Como meu coração desprezou a repreensão! 13 Não quis ouvir os meus mestres, nem dei atenção aos que me ensinavam. 14 Cheguei muito próximo da ruína completa, à vista de toda a comunidade!”
15 Portanto, bebe a água da tua própria fonte, sacia tua sede com as águas que brotam do teu próprio poço. 16 Por que deixar que os teus ribeiros transbordem pelas ruas e as tuas fontes pelas praças? 17 Que tais mananciais sejam exclusivamente teus, jamais divididos com quem quer que seja! 18 Bendita seja a tua fonte! Alegra-te sobremaneira com a tua esposa. Sê feliz com a moça com quem casaste! 19 Gazela ardorosa, corsa graciosa; que os seios da tua esposa sempre te fartem de prazer, e seu amor te extasie de carinhos todos os dias de tua vida. 20 Por qual razão, filho meu, andarias descontrolado atrás de uma mulher imoral? Por que acariciar outros seios que não os de tua esposa? 21 Os caminhos do homem estão diante dos olhos do SENHOR, e Ele examina atentamente todos os seus passos! 22 Quanto ao perverso, são suas próprias iniquidades que o amarram e o fazem prisioneiro das cordas do seu pecado. 23 Com toda a certeza, ele morrerá por falta de controle; andará inseguro e cambaleante por conta de sua insensatez.

Por Jânsen Leiros Jr.

Salomão traça um dos mais contundentes e irretocáveis paralelos entre pecado e infidelidade conjugal, apresentando todo o processo de tentação e queda, comparando o pecador ao tolo que se deixa levar pela sedução de uma mulher adúltera.

Nos dois primeiros versículos ele incentiva o filho a inclinar seus ouvidos a compreender os seus entendimentos. A gastar tempo e empenho nisso. Ocupado em ouvir a voz da sabedoria e a discernir suas instruções, não haverá brecha para ouvir a sedutora voz da adúltera. E aqui há um ponto de escolha, de opção. Ou pelo que é correto, ou pelo que é errado. Porque se os lábios são sedutores como o mel, e a voz suave como o azeite, ao optar por dar-lhe ouvidos, o filho decide pelo prazer imediato e por saciar-se inconvenientemente. Não há inocência.

E aqui é importante ressaltar o caráter da sedução e a decisão por deixar-se enganar por ela. A sedução se faz naquilo que lhe é interessante. Mas não há qualquer engodo insuspeito nela. A sedução é uma espécie de convencimento de fazer algo que sabidamente não é correto, porém os riscos compensam o benefício a locupletar. O caráter provisório do que se deseja, em detrimento da perenidade do que se pode perder. Não há inocência e não há temor. Deixar-se vencer pela adúltera é um risco calculado e uma opção pra lá de consciente, e por isso plenamente imputável.

Pode parecer que uma pequena escapulida não tenha maiores consequências, mas o sábio adverte para a grande ruína que se abate sobre quem se permite a tanto. Primeiro porque o que antes era doce como mel se torna amargo, bem como o que era cicatrizante e revigorante como o azeite, se torna cortante e penetrante como a espada. O que parecia um bem se transforma em um grande mal, e seu fim é remorso e amargura. O efeito devastador do pecado. A sensação de desgosto pelo pecado cometido é tão grande que Davi dizia apodrecerem os seus ossos[1]!

Outra interessante advertência do sábio está em sugerir que o filho se afaste da adúltera e sequer se aproxime de sua porta. O motivo está nos versículos 5 e 6. Se não for você a tomar conta de si mesmo, não espere que ela o faça, pois sequer pensa ou medita sobre seu pecado e sobre o seu caminho de morte. Dá-me ouvidos e não te desvies das minha palavras. Para chegar às portas da adúltera, antes é preciso desviar-se do caminho orientado pelo pai. Não é sem querer que se vai até ela. Então não se coloque a prova. Não subestime seus impulsos. Para que arriscar-se à ruína?

Dos versículos 9 ao 13, fica clara a armadilha armada pela sedução da adúltera. Não havia qualquer intenção de lhe fazer bem. Pelo contrário a vida do tolo será completamente sugada. Sua saúde esgotada. O vigor lhe fugirá do corpo. O peso do lamento lhe envergará e ele então reconhecerá que sua desventura não foi causada por outro, senão por sua própria teimosia, desobediência e tolice. Pois não deu ouvidos ao ensino, nem sequer atentou à repreensão.

O versículo 14, no entanto, traz um alento. Há uma saída! Quando ele diz estive próximo da ruína completa, implicitamente está demonstrado que o seduzido escapou, não depois do pecado concebido, mas antes de o ter cometido, uma vez que anteviu tudo o que lhe aconteceria, por lembrar-se de tudo o que o pai lhe ensinou. Então ele diz a si mesmo: Ufa! Foi por pouco!

Há uma grande recompensa àquele que não se deixa seduzir pelo pecado, pela voz sedutora da adúltera. A vida de santidade não é uma vida abnegada de prazeres, mas antes tem prazer naquilo que recompensa a vida e não no que lhe arma perigosas armadilhas. Bebe a água da tua própria fonte, sacia tua sede em teu próprio poço. Bebe até estar satisfeito. Valoriza teus mananciais. Alegra-te, sê feliz e se farte de prazer, diz o sábio, mas com a tua mulher. Seja grato pelo que Deus te dá e pela maneira com que vives, pois isso é a porção da vida que o Senhor te deu. A sedução do pecado normalmente nos assalta quando partimos para desejar aquilo que não nos pertence, ou não nos convém.

Por fim, o sábio afirma que o perverso se amarra em suas próprias iniquidades e se aprisiona em seu pecado. Ele morrerá por seu descontrole, ou viverá cambaleante pela insensatez em desprezar o ensino. E não adianta se declarar inocente ou enganado por desconhecer a sabedoria. Deus conhece e examina atentamente todos os passos do homem. Nada lhe é escondido ainda que fingido.




[1]  Salmos 32:3

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