Provérbios
6:12-19; ARC
20 Filho meu, guarda o
mandamento de teu pai, e não abandones a instrução de tua mãe; 21 ata-os perpetuamente
ao teu coração, e pendura-os ao teu pescoço. 22 Quando caminhares,
isso te guiará; quando te deitares, te guardará; quando acordares, falará
contigo. 23 Porque o mandamento é uma lâmpada, e a instrução uma luz; e as
repreensões da disciplina são o caminho da vida, 24 para te guardarem da
mulher má, e das lisonjas da língua da adúltera. 25 Não cobices no teu
coração a sua formosura, nem te deixes prender pelos seus olhares. 26 Porque o preço da
prostituta é apenas um bocado de pão, mas a adúltera anda à caça da própria
vida do homem. 27 Pode alguém tomar
fogo no seu seio, sem que os seus vestidos se queimem? 28 Ou andará sobre as
brasas sem que se queimem os seus pés? 29 Assim será o que
entrar à mulher do seu próximo; não ficará inocente quem a tocar. 30 Não é desprezado o
ladrão, mesmo quando furta para saciar a fome? 31 E, se for apanhado,
pagará sete vezes tanto, dando até todos os bens de sua casa. 32 O que adultera com
uma mulher é falto de entendimento; destrói-se a si mesmo, quem assim procede. 33 Receberá feridas e
ignomínia, e o seu opróbrio nunca se apagará; 34 porque o ciúme
enfurece ao marido, que de maneira nenhuma poupará no dia da vingança. 35 Não aceitará resgate
algum, nem se aplacará, ainda que multipliques os presentes.
Por Jânsen Leiros Jr.
Retorna então o sábio ao tema
recorrente e ao seu formato costumeiro; a sabedoria e a prudência como
sustentação de suas atitudes cotidianas. Mas há uma ressalva a fazer. Podemos
notar que repetidas vezes ao longo do livro até aqui, e isso acontecerá mais
adiante outras vezes, ele cita o ensino
do pai, a instrução da mãe,
parecendo sempre complementares entre si.
Há comentaristas que detalham a
exegese a ponto de concluir que tal tipo
de instrução pertence ao papel do pai, e outro tipo à mãe. Eu entendo que o sábio está na verdade demonstrando que
a família tem o papel de exercer influência na formação do caráter de seus
jovens, de modo a constituir-lhes patrimônio moral e ético. Sim, porque ao
contrário do costume moderno de entregar os filhos às escolas para serem
educados pelos professores e funcionários dessas instituições, o papel da
formação pessoal, afirma o sábio, é do pai e da mãe. Mais precisamente da
família, e por quem quer que cumpra seus papéis.
Ora, os mandamentos dos pais e as
instruções da mãe devem andar coladas ao corpo. Devem ser de fácil acesso.
Devem influenciar sentimentos e impulsos, e por isso devem ser amarradas ao
coração. Deve manter orientação para o que é probo, digno e louvável. Deve
orientar a direção dos olhos, além de servirem de enfeites como jóias preciosas
adornando o pescoço. Ata-as, e não as
deixe em qualquer lugar. Quer acordado, quer dormindo, devem sempre fazer parte
do seu dia-a-dia e de toda sua vida. Assim serão lâmpadas para o caminho. Sem
contar o valor da correção e da disciplina. Outra prática decadente nos lares,
que produzem filhos sem qualquer limite.
Novamente a sedução da adúltera
tipifica a sedução do pecado. O fato da mulher casada ser novamente utilizada
como personagem da sedução, propõe que o jovem seduzido considere como ato fortuito
e sem conseqüências, o cair inocente e
irresistivelmente em seus encantos. Ou em suas garras, se preferir. Fosse uma
virgem ele estaria comprometido para toda a vida. Casada, porém, pensa ele se
deliciará com seus amores, sem comprometer seu futuro. Imprudente e inconseqüente, diria o sábio. Não há como caminhar
sobre brasa sem queimar os pés. Não se coloca fogo nas roupas sem que o corpo
se queime.
Melhor seria o uso de uma
prostituta, pois essa teria um preço e nada mais. Mas a adultera cobra sua
vida. E antes que alguém se lance a imaginar que estou estimulando os jovens a que
procurem profissionais do sexo para se satisfazerem, deixe-me esclarecer. Pois
o que o sábio está falando abertamente, é que, fosse o impulso dirigido a uma
prostituta, que tem um preço pela tarefa que realiza, o seu custo seria um preço. Mas ao cobiçar a mulher
adultera, ao flertar com ela, sua vida corre grande e iminente
perigo. A sedução da adúltera é caminho para a morte.
Todo crime tem um preço e o sábio
demonstra isso. Pois o ladrão apanhado restituirá o objeto roubado até sete
vezes mais, e notem, por mais aceitável que tenha sido sua motivação. Afinal,
ele estava com fome. Ainda assim pagará com os bens que ainda tiver em casa, e
por fim até com sua própria liberdade. Sua vida, no entanto, será preservada. Mas
quem procura a adúltera, quem se deixa apanhar por sua sedução, quem se permite
queimar em paixões por seus encantos, é louco e está perto de morrer.
O marido cuja mulher é apanhada
em adultério ganha o direito de ressarcimento pelo dano moral. E esse
ressarcimento é a morte de ambos; tanto a sedutora quanto o seduzido. E note
que o adúltero não é considerado um coitado inocente, ainda que jovem. Antes
tivesse atendido aos mandamentos de seu pai, e ouvido as instruções de sua mãe.
Pois o marido tem sede de vingança, e por maior que lhes sejam os bens dados em
ressarcimento, ele não abrirá mão da morte do jovem tolo e imprudente. Requerer
tal reparo é seu direito e ele o utilizará cabalmente. Triste fim terá o tolo
que não ouve seus pais.
Que o prazer de viver uma vida
santa diante de Deus, nos inspire a guardar sua palavra em nossos corações,
ensinando-nos a evitar a sedutora oferta do pecado, que a cada um se apresenta
sempre como aquilo que nos é mais precioso e desejável. Lembre-se; o mel de
hoje, pode ser o fel de amanhã.
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